O clarão de um relâmpago iluminou a sala de estar, despertando Lisa de seus pensamentos.
Olhou em volta e percebeu que o filme que estava assistindo havia terminado, e a tela não mostrava nada além de alguns pequenos nomes escritos em branco num fundo preto.
Um trovão.
Calçou suas pantufas, desligou a TV e subiu para o seu quarto. Estremeceu com o frio ao encontrar o aposento com a janela aberta, e foi rapidamente fecha-la. Parou em frente o vidro e observou por alguns minutos. Então deu meia volta, deitou-se na cama, pegou seu caderninho de cabeceira e escreveu:
Está chovendo lá fora enquanto eu estou aqui no meu quarto encostada na minha cama quente, e toda vez que eu olho pela janela, inevitavelmente me pergunto onde estarão agora todas as pessoas que durante o dia fazem das ruas seus lares.
Elas não têm um teto ao qual podem chamar de seu, nem uma parede para barrar a corrente de vento. Pois suas paredes são o próprio vento, e em vento não se pode pendurar um quadro.
As nuvens carregadas são o seu teto, e este não dá para ornamentar.
Esses pingos de chuva agora invadem seus becos, molham seu chão e banham seus cobertores.
Elas estão lá fora nesse exato momento. E eu estou aqui me achando pequena demais, insignificante demais e, pior, rica demais para tentar mudar isso tudo...
Então você pensa: deixa molhar, deixe estar.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
segunda-feira, 28 de maio de 2012
sábado, 12 de maio de 2012
Memórias Mortas
Caminhando lentamente pelo bosque, Marie avistou um banco. Um
belo banco de pedra cinza entre as árvores. Pôde ouvir o canto dos pássaros e o
som das folhas sendo pisadas enquanto aproximava-se para sentar. Ela estava apenas
esperando o tempo passar, pois não havia muito o que fazer para uma mulher com
sua idade, além de passar o tempo da forma mais calma e agradável possível.
Decidiu reparar no movimento em volta.
Um pai agachado ao lado de sua pequena filha, sorrindo para ela um sorriso terno, enquanto segurava suas mãozinhas e ajudava-a a andar. A menina ria despreocupadamente exercitando seus primeiros passos.
Um pouco mais ao lado, encostados em uma árvore, um casal de jovens parecia discutir. A menina levava as mãos à cabeça, ajeitando freneticamente os cabelos em sinal de nervosismo, enquanto seu rosto esboçava pura aflição. O menino tentava acalmá-la, mas a cada palavra o desespero da garota parecia maior. Um rio de lágrimas. Ele estava partindo.
Três mulheres sentadas na grama degustando saborosos pedaços de tortas, intercalando conversas e mastigação. Descalças, os sapatos jaziam ao lado da toalha na qual se encontravam sentadas.
Um senhor e uma mulher discutindo. Pela idade e pelo tom, ele parecia seu pai. Reprovava veementemente alguma ação tomada pela filha, que por se sentir adulta o bastante apenas negava com a cabeça enquanto retrucava, “não é bem assim...”.
Decidiu reparar no movimento em volta.
Um pai agachado ao lado de sua pequena filha, sorrindo para ela um sorriso terno, enquanto segurava suas mãozinhas e ajudava-a a andar. A menina ria despreocupadamente exercitando seus primeiros passos.
Um pouco mais ao lado, encostados em uma árvore, um casal de jovens parecia discutir. A menina levava as mãos à cabeça, ajeitando freneticamente os cabelos em sinal de nervosismo, enquanto seu rosto esboçava pura aflição. O menino tentava acalmá-la, mas a cada palavra o desespero da garota parecia maior. Um rio de lágrimas. Ele estava partindo.
Três mulheres sentadas na grama degustando saborosos pedaços de tortas, intercalando conversas e mastigação. Descalças, os sapatos jaziam ao lado da toalha na qual se encontravam sentadas.
Um senhor e uma mulher discutindo. Pela idade e pelo tom, ele parecia seu pai. Reprovava veementemente alguma ação tomada pela filha, que por se sentir adulta o bastante apenas negava com a cabeça enquanto retrucava, “não é bem assim...”.
Uma rajada de vento soprou e Marie abriu os olhos. Estava
sozinha naquele bosque vazio. Há anos aquele lindo lugar havia se tornado o
cemitério da pequena cidade na qual sempre morou. Cemitério aquele que agora
guardava não só as mais belas árvores que já havia visto, como também as mais
nobres lembranças de tudo que já havia vivido. Seu pai, seu primeiro amor e
suas melhores amigas. Tudo que mais havia amado estava sepultado entre as covas,
mas vivo e ardente em seu coração.
Levantou-se, deu mais alguns passos e largou o lindo buquê de flores que estava segurando em um dos túmulos.
Deu as costas e voltou a caminhar.
Levantou-se, deu mais alguns passos e largou o lindo buquê de flores que estava segurando em um dos túmulos.
Deu as costas e voltou a caminhar.
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Às vezes a gente percebe que a noite é mais longa do que parece ser. Que a escuridão é inevitável e faz parte da natureza humana e do movimento do mundo. É que um segundo parece uma hora, e uma hora parece uma eternidade enquanto esse lado do planeta mergulha no oceano de escuridão. Você pede pro tempo passar rápido, mas os momentos se arrastam. Você pede por uma faísca de luz, mas as estrelas parecem distantes. E quando sente que não há mais esperança, você adormece. Seus olhos concordam em perceber que não há mais nada a fazer, a não ser se negarem a ver.
Mas lá fora a escuridão permanece...
Mas lá fora a escuridão permanece...
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