Carlos saiu animado da loja e dirigiu-se ao estacionamento. Apontou o alarme para seu carro e disparou. As portas foram destravadas.
Estava alegre pois tinha acabado de comprar um belo par de tênis. Sentou-se no banco do motorista e abriu a caixa que carregava debaixo do braço para avaliar sua nova aquisição.
Lá estavam eles. Sapatos maravilhosos comprados com o que havia sobrado de seu salário.
Toc Toc Toc. Um garotinho bateu no vidro. Carlos olhou pro lado e abriu a janela.
-Que é? –perguntou em tom impaciente.
-O senhor tem uma moedinha pra me dar? -Sussurrou o pobre garoto que fedia. Usava apenas um calção vermelho. Seu corpo machucado.
Carlos enfiou a mão no bolso, tirou e mostrou-a para o menino. Estava vazia.
-Não tenho – respondeu secamente.
O menino não se mexeu. Permaneceu parado ao lado do carro, encarando o homem com seus olhos grandes e brilhantes.
Apesar do incômodo, Carlos continuou a examinar orgulhosamente seu tênis e fingiu não notar o garoto, que continuava de pé, imóvel.
Cansado daquilo, lançou os sapatos no banco traseiro e gritou com o menino, despertando-o de seu sonho:
-EU JÁ DISSE QUE NÃO TENHO MOEDA! – e acelerou saindo com o carro.
domingo, 14 de agosto de 2011
Tarde Demais
escrito por
Renata Marim Hahon
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