segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Pequeno Italiano
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
limoeiro
Ela andou durante horas, não sabia onde estava nem para onde estava indo, apenas andou.
Finalmente chegou a um limoeiro. Não havia mais nada lá. Nem chão, nem céu sobre sua cabeça, apenas um antigo e encurvado limoeiro. Abatido pela seca.
Então ela se deu conta de tudo o que mais precisava naquele momento, era sentir o gosto azedo e cítrico de um limão verde entre seus lábios, a acidez entre os poros de sua língua, pele e ranhuras nos dentes. Ela cobiçava isso.
Procurou avidamente por uma fruta naquele pé, e quanto mais procurava mais sua vontade aumentava, e nessa medida aumentava também sua desesperada decepção ao ver que aquele limoeiro não havia gerado fruto. Estava na época errada. Era melhor desistir, não há nada aqui que pudesse suprir seu anseio pelo azedume.
domingo, 15 de agosto de 2010
No Fear
Pedem-na que feche os olhos e dizem que tudo estará bem pela manhã. Mas como ela pode confiar à escuridão seus olhos fechados, se isso atiçaria uma série de incertezas e medos, na calada da noite?
Não, ela não vai fechar os olhos, por ora. Ela não vai se entregar ao desafio de passar horas a fio solitária, deitada em sua cama dura, sem nenhuma esperança além da de que o sol vai aparecer em algum momento.
O Sol! Agora lembrou. Onde estaria o astro agora, que não iluminando seu quarto, já emerso em desespero?
Sentiu-se distante e fria, em algum lugar entre Urano ou Netuno.
E a noite corria...
Quando já não suportava segurar os olhos abertos, entregou-se ao repouso, com suas vísceras já entaladas de cansaço, seu corpo depois de Plutão.
E a mente voa longe, longe...
Não tema, minha querida. Durante a noite, há escuridão.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Os anos passavam e cada vez mais eu agradecia à Virgem Maria por ter saído daquela seca miserável onde aquele povo-sem-raça construía suas casas com barro e pouco esmero.
Aos 30, já estava acostumado com a vida na cidade, mulheres, moeda e escritório. Mas, por Deus, mais 30 anos é tempo demais para um inconfidente.
Aos 60, quando a luz diurna penetra meu quarto e me faz despertar, eu rogo a Deus em sua misericórdia por mais 1 dia, e mais outro, porque 60 anos é pouco tempo para um sertanejo.