tag:blogger.com,1999:blog-42885335805371447322024-03-13T17:43:49.517-03:00Inconstâncias de gavetavolubilidade móvel.Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.comBlogger73125tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-2405968671464130272022-03-23T10:02:00.001-03:002023-03-22T11:44:55.333-03:00<p>Espera,<br aria-hidden="true" />Não abre essa porta, por favor<br aria-hidden="true" />Dói demais dizer adeus a esse amor<br aria-hidden="true" />Sem a sua companhia, resta apenas a dor.<br aria-hidden="true" /><br aria-hidden="true" />Não vá embora, <br aria-hidden="true" />Não me diz que essa é a última vez que nos veremos<br aria-hidden="true" />Não posso suportar a ideia de que seguiremos<br aria-hidden="true" />Caminhos diferentes. <br aria-hidden="true" /><br aria-hidden="true" />Aguarde um momento, <br aria-hidden="true" />Não jogue fora o meu sentimento <br aria-hidden="true" />Ao seu lado estou já faz tanto tempo<br aria-hidden="true" />Não deixe esse amor cair no esquecimento.<br aria-hidden="true" /><br aria-hidden="true" />Só mais um instante,<br aria-hidden="true" />Me envolva num abraço reconfortante <br aria-hidden="true" />Me diz que nunca mais quer ficar distante <br aria-hidden="true" />E que a sua partida foi um lapso delirante.<br aria-hidden="true" /><br aria-hidden="true" />Só mais uma vez,<br aria-hidden="true" />Encosta teus lábios nos meus, e talvez<br aria-hidden="true" />Considera que me deixar foi insensatez <br aria-hidden="true" />Fica comigo só essa noite.</p><p><br /></p>Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-63477701875260672662019-10-14T22:26:00.000-03:002019-10-29T16:26:21.794-03:00Olhar pra você é como olhar para uma fotoOlhar pra você é como olhar para uma foto<br />
<br />
Sinto que te encaro por meio de uma lente<br />
Eu te vejo, mas não exatamente<br />
A distância me impede de te ver detalhadamente<br />
E eu nunca sei o que se passa em sua mente<br />
<br />
Tudo que me resta é uma projeção<br />
E por isso eu vivo tecendo uma suposição<br />
Vou vivendo nesse jogo de adivinhação<br />
Criando a parte de ti que não me é apresentada<br />
Na busca de manter-me sempre encantada<br />
Mas começo a me perguntar se estou sendo enganada<br />
<br />
Então eu tento decifrar seu olhar<br />
Na tentativa de tua alma vasculhar<br />
Mas de seus olhos não emana luz alguma<br />
Por mais que eu me inebrie no teu cheiro que perfuma<br />
O ambiente em que me encontro<br />
<br />
Antes teu mistério me causava excitação<br />
Agora me vejo deslocada, pedindo informação<br />
Perguntando pras paredes do seu peito como acessar seu coração<br />
Vagando pelas veias, sem saber qual direção<br />
Acabei chegando no pulmão<br />
<br />
Engasgo<br />
<br />
Em mim vai crescendo o sentimento de asco<br />
Um rebuliço no estômago, sensação de cansaço<br />
Seu jogo é maldoso, me faz de palhaço<br />
E à essa altura, não importa o que faço<br />
Ou deixo de fazer<br />
O único caminho que eu vejo iluminado<br />
É te perder<br />
<br />
Se de teus olhos não emana luz<br />
Se o meu charme não mais te seduz<br />
Eu devo dizer que foi um prazer<br />
As noites que o teu corpo fez meu juízo se perder<br />
Mas agora é hora de me despedir<br />
Não há porque tentar te persuadir<br />
<br />
Você nunca me amouRenata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-17160389791969003322019-06-13T09:29:00.000-03:002019-06-13T09:29:14.448-03:00Presença<div class="MsoNormal">
<span class="Apple-style-span">Sentiu um toque quente em sua perna.<br />Despertou.<br />Seu quarto parecia estranhamente iluminado aquela manhã. Sentada em sua cama estava a mulher que a havia despertado com seu toque quente. Esta sorria.<br />-Mamãe? –Balbuciou Sofia sentando-se na cama.<br />A mulher respondeu com outro sorriso.<br />-A senhora não deveria estar viajando, mamãe? Disse que só voltaria na noite de domingo, e hoje é sábado...<br />-Hoje é sábado – a mulher repetiu.<br />-Voltou mais cedo, mamãe?<br />A mulher novamente respondeu com um sorriso calmo, estava serena.<br />Sofia notou que havia algo diferente em sua mãe nesta manhã, ela só não conseguia perceber o quê.<br />Fechou os olhos e abriu-os novamente, então viu. A luz do sol que atravessava a janela de seu quarto tocava a pele de sua mãe de forma peculiar. Parecia que cada célula da mulher emitia luz própria. Ela brilhava.<br />Seria a mente cansada de Sofia que embaçou tal ilusão?<br />-Fez boa viagem, mamãe? – a garota perguntou enquanto examinava a pele cintilante da mãe.<br />-Estou fazendo – esta respondeu e novamente sorriu. Seus olhos também brilhavam, porém estes pelas lágrimas que o embebiam.<br />Sofia abriu a boca para pedir um copo de leite, mas antes disso a mulher com um impulso pegou suas duas mãos, aproximou-se do rosto da menina e olhando fundo em seus olhos, suplicou:<br />-Querida, prometa que não irá perder seu tempo com casos tolos. Prometa-me que não irás entristecer seu coração facilmente. Quero vê-la sempre sorrindo e aproveitando o dia! Até o ultimo de sua vida. Estarei sempre com você.<br />Sofia fora pega de surpresa pelo impulso da mãe, e não conseguiu emitir som algum. Apenas balançou a cabeça respondendo que sim. A mãe novamente se aproximou da garota e beijou-lhe a bochecha.<br />Extasiada pela calma a garota repousou a cabeça no travesseiro. Transbordava de amor e sono. A última imagem que obteve segundos antes de adormecer fora a da mãe sorrindo.</span></div>
<span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span">Dormiu por algumas horas quando foi novamente acordada. Dessa vez pelo som dos passos do sapato que a empregada da casa usava. Aproximando-se da garota, sua voz falhou ao dar-lhe a notícia.<br />-Sofia, ontem a noite sua mãe estava dirigindo um trecho perigoso da estrada. Seu carro bateu de frente com outro, e ela não resistiu, querida. Ela morreu naquele momento...<br />Fechando novamente os olhos a garota lembrou de sua mãe e sentiu-se confortada. Sabia que ela estaria sempre ao seu lado.</span></span>Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-68305069218285872132018-10-14T22:34:00.000-03:002023-03-22T14:30:21.723-03:00TempestadeEstava olhando através do vidro da janela quando de repente ouvi o barulho de um trovão. Os pêlos de minha nuca arrepiaram em sintonia com o estrondo. Mais um trovão, e mais outro. "Sim, estão certos. Eu concordo" pensei. Concordei com tudo aquilo que dizia a trovoada. Cada barulho, cada palavra.<br />
E então vejo raios cortando o céu como lâminas afiadas que arranham a pele. Um rasgo no firmamento.<br />
E finalmente a chuva cai. Cada pingo é líquido como a substância que agora jorra de minhas veias.<br />
<br />
Oh tempestade, se por aqui estiver de passagem, leva-me contigo. Pra bem longe daqui.Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-24043850037920559262016-08-09T23:13:00.002-03:002016-08-09T23:19:48.494-03:00Aquilo que a morte separa, o sonho reúne<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Hoje eu vou dormir sentindo seu cheiro</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Que é pra aliviar esse desespero</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">De não te ter aqui comigo</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Hoje vou me afundar em seu travesseiro</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Rogando que esse aperto seja passageiro</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Sufocando em mim um grito</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Hoje tua lembrança vai enxugar meu pranto</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Curar a ferida que machuca tanto</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Trazer a paz que eu tinha esquecido</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Se eu não posso te ter em pessoa</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Posto que a morte é ingrata e não perdoa</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">E teu coração se encontra falecido,</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Vou reconstruir-te em meu sonho</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">"Encontre-me nele", eu proponho</span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">E em teu cheiro me entrego, adormecido</span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-10542979482984641742014-01-13T00:09:00.000-02:002019-06-13T09:24:40.125-03:00<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: "cambria" , serif; font-size: 11pt;">Se tu que sem pedir licença ocupou a minha mente<br />
E de teu sorriso me fez dependente,<br />
<br />
Agora me ensina como lidar com a distância<br />
Me ensina a controlar essa ânsia<br />
<br />
Que assola meu peito de vontade<br />
E me arrasta com voracidade<br />
<br />
Pra lembrança daquela noite singular<br />
Que nem mesmo o tempo vai conseguir apagar.</span><span style="font-family: "cambria" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "cambria" , serif; font-size: 11pt;">Sem esperar por
retribuição</span><span style="font-family: "cambria" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "cambria" , serif; font-size: 11pt;">Cresce por ti minha
admiração<br />
<br />
Agora me ensina a acostumar sem teus abraços<br />
Me ensina a sentir que não me falta um pedaço<br />
<br />
Posto que se agora sinto a sua falta<br />
Se meu coração por ti sobressalta<br />
<br />
É culpa sua tê-lo feito comover.<br />
Por isso deixo por ti o amor florescer.</span><span style="font-family: "cambria" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "cambria" , "serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;"><br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-507675626787379152013-12-27T12:42:00.000-02:002014-11-19T11:16:37.922-02:00Perdida entre os caminhos incertos na estrada da vida, a pequena garota se sentia sozinha em meio à multidão.<br />
Sabia que havia um buraco, faltava matéria pra compor a substância de seu coração.<br />
<br />
Ela vagava sem rumo e sem interesse em qualquer aspecto da vida alheia<br />
Em seu peito, sabia que faltava uma faísca, uma centelha<br />
Para reacender aquele sentimento que ela há muito havia esquecido<br />
E por não se interessar por mais ninguém, julgava ser caso perdido.<br />
A luz no fim do túnel era disforme e dispersa<br />
Era um brilho inalcançável, então a pequena garota andava sem pressa.<br />
<br />
Até que em um dia qualquer, sem nenhuma expectativa de mudança<br />
A pequena garota encontra o grande rapaz, e em seu peito brota uma esperança<br />
Aos poucos, os dois foram se chegando e se deixando conhecer<br />
E entre tantas semelhanças, havia em ambos o encanto pelo anoitecer<br />
A luz no fim do túnel foi ganhando forma e adquirindo um brilho característico<br />
Havia um encanto acolhedor, um certo fulgor místico<br />
<br />
Quando uma solidão encontra a outra, atenua a incerteza<br />
O vento frio e a noite escura revelam a sua beleza<br />
Beleza essa que meus olhos não serão capazes de esquecer<br />
E quando o dia chega ao fim, tua lembrança vem me acometer.Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-70232167187961635712013-12-23T11:27:00.001-02:002013-12-23T13:09:47.718-02:00Pela Estrada a Fora Eu Vou Tão SozinhaNessas estradas eu vou encontrando resquícios de uma vida que eu julguei que estivesse perdida.<br />
Descobri que é preciso mover-se do lugar para a mente poder se expandir, pois ninguém pode prender ao chão os pés que foram feitos para caminhar.<br />
Ando à procura da auto-destruição que me fará conhecer meu verdadeiro ser, que agora se encontra coberto pelos restos de sujeira com a qual esse mundo moderno me soterrou. É preciso cavar para se desvencilhar dos escombros sujos dessa falsa felicidade. Só andando pelo mundo eu vou descobrir o que é amor de verdade. É o amor que aceita o movimento, que não constrói muros, não prende em tormento.<br />
Ah, esse mundo tem beleza demais pra ficar escondida dos meus olhos.Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-30155001436010117482013-12-15T01:11:00.000-02:002013-12-15T01:14:56.759-02:00O Mágico e a Sonhadora<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Andava
distraída pelo museu quando foi subitamente tomada por uma incontrolável
fadiga. Nada ali a interessava mais do que a poltrona que repousava acima do
tapete preto no canto direito do aposento. <br />
Sentou-se confortavelmente enquanto lutava contra a força que demandava que
seus olhos se fechassem, mas era tarde
demais. <br />
Poucos segundos depois, Paloma já estava flutuando em um majestoso palácio
persa, em meio a altos pilares, tapetes decorados e escadarias douradas.<br />
Como todo bom sonho encantado, só poderia acontecer o óbvio: a mocinha tropeçou
em uma lâmpada mágica. Grande achado! <br />
Sabia como proceder nessa situação. Esfregou a lâmpada e com grande alegria
recebeu o grande senhor mágico coberto em manto vermelho e sob uma boina azul. A
estranha criatura recém-aparecida fez menção de que iria falar, mas Paloma o interrompeu e
declarou: “Já sei, posso verbalizar três desejos”. – e esboçou um sorriso
orgulhoso. O gênio apenas concordou com um aceno afirmativo da cabeça.<br />
“Mas, pensando bem, eu só tenho uma coisa a pedir para o senhor...” – Falou timidamente
a menina enquanto olhava para o chão.<br />
O gênio aguardou.<br />
<br />
Se me abençoasses com a oportunidade, eu gostaria de poder voltar aquele
momento em que a paz e a tranquilidade dentro de mim foram plenas. Me envolveria
mais uma vez nos braços dele, e novamente observaria a noite nos acalentando
com seu sopro frio. Beijaria os mesmos lábios, escutaria a mesma melodia, e mais uma vez eu me entregaria com a ternura que agora inunda o meu coração.<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--></span>Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-28999127328968089102013-12-13T00:18:00.002-02:002013-12-13T00:18:15.653-02:00MoonlightPor sobre as nuvens a lua observava aquele casal peculiar que se mirava na calada da noite.<br />Ele, cão, desafiadoramente mostrou os dentes. Ela, lobo, astutamente pôs-se a admirar.<br />Rodeavam-se apenas observando. E quanto mais observavam, mais se impressionavam.<br />Antes não imaginavam que poderiam ter tanto em comum. Um cão e um lobo. Veio um do outro, ou foi similaridade que os aproximou? <br />A cada passo, chegavam mais perto. E quanto mais perto chegavam, mais agradava o cheiro.<br />Faros aguçados, pelos eriçados, caninos afiados e olhares astutos.<br />Permaneceriam sob o brilho da lua, em meio a esse oceano perdido na escuridão da incerteza.Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-83325287433272505782013-11-21T21:04:00.001-02:002013-11-23T13:06:10.084-02:00Segredo Nosso<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Se a minha mão tu segurasses,<br />
Sentiria tudo aquilo que não posso dizer<br />
Tu ouvirias as palavras agora emudecidas<br />
E a minha dor, tua alma iria conhecer</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Se em teus braços me envolvesse,<br />
Saberias o quão perdida estou<br />
Teu pranto logo surgiria<br />
Tentando lavar a dor que restou</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Se os teus lábios os meus tocassem,<br />
Tu ficarias ciente da minha solidão<br />
Sentirias a vontade que eu sinto<br />
De renegar o meu coração</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-15006306387808193492013-10-14T22:41:00.000-03:002023-03-22T14:43:46.781-03:00Necrofeeling<div class="MsoNormal">
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Parte um<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">“Te
pego aí às 9h?” Foi a última coisa que ouvi dos lábios de Bruno pelo telefone
naquela tarde nublada e fria no dia em que pretendíamos sair a noite para
jantar.<br />
“8h.” Corrigi. “Sinto muita fome à noite, não gosto de esperar.” Eu disse. E
então ele desligou.<br />
Encaixei o telefone na base e fui ao banheiro tomar banho para me
arrumar.<br />
“Merda!”. Raspei a lâmina na posição contrária à indicada na embalagem e acabei
cortando minha virilha. A água quente que fluía do chuveiro logo lavou o
sangue, mas deixou a ardência que me fez lacrimejar.<br />
“Maldita cicatriz.” Justo no dia em que vou ver Bruno.</span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;"><br />
Andei até meu quarto e despi a toalha. Olhei-me no espelho. “Magra demais. Pálida
demais. Pequena demais.” Discorri sozinha. Eu sabia que era tudo isso que
alguém pensava quando me via sem roupa. Sorte a minha, foram poucas as pessoas que tiveram esse (des?)prazer. Olhei novamente para o
espelho e não pude deixar de notar “Pareço um cadáver.” Até que não era uma má
imagem.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Olhei
impacientemente para o relógio e a angulação dos ponteiros marcava 9h10min. Era
verão e o sol demorava muito para se pôr aqueles dias, e eu sabia que Bruno
detestava a luz do sol.<br />
Um carro preto avançou vagarosamente em direção a mim e por uma fração de
segundo eu me perguntei se ele não iria parar, e dei um leve pulo para trás,
sentindo-me mais segura na calçada. O carro parou. Vi que </span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Bruno</span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;"> sorria por
detrás do para-brisa. Entrei no carro.<br />
“Eu tinha dito 8h”, bradei com a mão entre os nossos lábios para impedir o beijo
que ele ia me dar.<br />
Com uma sobrancelha erguida, ele respondeu “Por quê nos vermos tão cedo se
temos toda a noite só para nós dois?” e sorriu “Por quê olhar seus cabelos
sendo iluminados pela luz do sol se posso ver teu peito nu sendo banhado pela
claridade da lua?”. E piscou com um olho só. Sorri e fiz o mesmo. Ele sempre vencia qualquer argumento meu. Saímos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;"><br />
No restaurante, eu comi um saboroso pedaço de carne enquanto Bruno me fitava com
olhar de cão caçador por detrás de suas lentes retangulares, e vez por outra
iniciava alguma conversa sobre seu novo projeto no escritório. Ele não comeu
naquela noite, apenas bebeu o vinho que jazia em uma grande taça de cristal à
sua frente. Distraído olhando para mim enquanto levava a taça à boca, algumas
gotas da bebida escorreram pelo seu queixo e pingaram na sua camiseta de linho branco. A mim pareceu
que seu queixo e roupa estavam manchados de sangue, e por um momento ele sorriu.
Eu sabia que ele tinha feito a mesma associação.<br />
<u1:p></u1:p></span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;"><br />
</span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">“Então, pronta?” Ele me perguntou assim
que eu coloquei o último pedaço do bife na boca. Balancei positivamente a
cabeça enquanto mastigava. Essa noite ele me levaria para ver as estrelas. Essa
noite ele me levaria para as estrelas. Essa noite ele. Essa noite.<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><u1:p></u1:p></span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Enquanto
ele nos dirigia pela estrada, pude ouvir uma melodia agradável saindo do
aparelho de som do seu carro e pude distinguir uma voz que na canção dizia “</span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">I can't
seem to find my way upon this lonely road...”</span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Tombei minha cabeça tonta pelo vinho para o lado enquanto ia pensando o quão
breve e intensa havia sido minha experiência com o homem que agora sentava ao meu lado, me levando para as estrelas. Conhecíamo-nos a menos de
dois meses, e mesmo assim, ele era a minha melhor companhia. Eu sentia que ele pensava o mesmo. Havia
algo que nós dois entendíamos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Então chegamos.<br />
<br />
Estabelecendo contato visual comigo, ele tirou do bolso um pequeno controle e
apertou um botão. Logo os vidros das janelas e o teto do carro se abriram. Meu
sorriso abriu. Minhas pernas abriram.<br />
Ele apertou outro botão e os bancos do carro começaram a se inclinar para trás.
Eu nem sabia que aquilo era possível. Ficaram assim como que duas camas. Sobre
nossas cabeças, um belo céu estrelado como um quadro pendurado na parede. Ele
se aproximou por cima de mim enquanto eu observava sua silhueta iluminada pela
luz das estrelas. Seus lábios levemente tocaram meu pescoço. Minha mão
levemente tocou sua calça.<br />
<br />
Bruno manteve seus lábios sobre meu pescoço por alguns minutos. Primeiramente, pensei que ele havia gostado do cheiro do meu perfume, mas passado um tempo eu percebi que ele estava, na verdade, medindo a minha pulsação. O sangue que corria por sob minha pele o extasiava de alguma maneira, e o êxtase dele, era o meu.</span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Por falar em cheiro, fui sentindo que estava ficando cada vez mais intenso
um cheiro azedo que pairava no ar desde que eu tinha entrado no carro
pela primeira vez naquela noite. Era tão intenso e fétido que mal podia prestar atenção em suas carícias.</span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">"</span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Bruno</span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">, que cheiro é esse?" Indaguei. Ele levantou a cabeça e me
lançou um olhar de censura. "Não sinto cheiro algum além do seu perfume."
respondeu e voltou novamente ao que estava fazendo.<br />
Aquele cheiro podre estava me deixando intrigada. Eu nunca tinha sentido nada
parecido. Sabia que exalava do porta-malas, então sem que ele percebesse a
minha intenção, insisti para que fôssemos para o banco de trás. "Para ficarmos mais confortáveis", lancei. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Acomodados no banco traseiro do
carro, </span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Bruno</span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;"> segurou meu pé direito e começou a beijá-lo. Sem tirar os lábios
de minha pele, ele foi subindo a cabeça beijando meu tornozelo, panturrilha,
joelho, até chegar em minhas coxas.<br />
Ele mordeu. Eu gemi. E o cheiro permanecia.<br />
Beijando seu ombro, fiz com que ele se sentasse no banco e sentei em cima dele,
de frente para ele. O compartimento do porta-malas estava destampado. E foi
então que os meus olhos viram. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Não, não podia ser de verdade...<br />
<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Parte dois<br />
Ela estava sentada no meu colo quando eu senti que todos os músculos de seu
corpo haviam retesado. <br />
E não foi que a filha da puta me trouxe para o banco de trás pra poder
descobrir a fonte do odor? Será que ela viu? <br />
Instintivamente procurei beijar-lhe os lábios para cobrir com meu rosto seu
campo de visão, mas quando me aproximei de sua face, percebi que ela estava com
os olhos arregalados e as bochechas vermelhas denunciavam o sangue que por ali
corria. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Seus gemidos e suspiros haviam
cessado. Ela estava muda. Ela estava petrificada. Havia visto o meu segredo.<br />
Não, não podia ser verdade...</span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;"> </span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Parte três<br />
“Então é isso. Cadáveres. É isso, </span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Bruno.</span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">” sussurrei, e só depois que as palavras
foram ditas eu pude perceber o quanto gaguejei ao falar. Minha voz falhou.
Minha respiração falhou. Essa noite não falhou.<br />
Encarei os olhos dele e percebi que ele estava atônito. Eu estava atônita. Mas
ele não me conhecia. <br /><br />Rapidamente levou a mão a minha boca esperando abafar os gritos que ele
esperava que eu desse, ou esperando não ouvir meu choro de desespero. Afinal,
eu estava no meio de lugar nenhum, na companhia de um homem que eu pouco conhecia e dois cadáveres em avançado estado de decomposição. Bruno continuou tampando minha boca, dessa vez ainda com mais força. <br /></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt;">Mas ele não me conhecia. <br /><br />
Como a testa e os olhos eram as únicas partes de meu rosto que não estavam escondidas
pela palma da mão dele, mostrei com o olhar que eu estava sorrindo. </span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt; line-height: 115%;">Ele ficou surpreso. </span></div></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt; line-height: 115%;">Ele
não me conhecia.<br />
Percebi que ele tentou balbuciar alguma coisa, mas palavra alguma saiu de seu
ruído. Então repousei meu dedo indicador sobre seus lábios e apenas <span style="font-family: , serif;">balancei a cabeça negativamente. "Não precisa se explicar", eu disse.</span></span><span style="font-family: , serif; font-size: 13.5pt; line-height: 115%;"> E sorri. Ele sorriu.<br />
Voltamos a nos beijar.<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--></span></div>
</div>
Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-25059222249072194042013-09-04T08:42:00.000-03:002013-09-17T20:39:42.370-03:00O Sábio e a Moribunda<div class="MsoNormal">
Chorava tacitamente por tê-lo deixado partir. A menina de 13
anos se debulhava em lágrimas porque o suposto “amor de sua vida” havia
partido, provavelmente encantado por uma outra alma tão imatura quanto a dos ex-amantes.
Sentada na banqueta do piano e de costas para este, a menina soluçava alto e
balançava negativamente a cabeça. Simplesmente não conseguia suportar a ideia
de ter havido quebrado o seu coração. Pobre garota.<br />
Seu avô, algumas décadas mais experiente e reflexivo, incomodou-se diante do
desespero da decadente. Mas, já sabendo que longos discursos provavelmente não
a atingiriam, resignou-se a escrever-lhe um bilhete com a seguinte frase: </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<i>Não deixe que o laço que te une a outra pessoa seja mais
justo que o laço que te une a si mesma.</i></div>
Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-69692487441453070472013-05-31T13:17:00.000-03:002013-06-02T15:42:24.158-03:00Avenida Amaro George<div class="MsoNormal">
Bob passava as noites em claro. Desde o dia em que fora
assaltado às 16 horas da tarde em plena Avenida Amaro George, nunca mais teve
sossego.<br />
Retraçava aquela tarde em sua memória inúmeras vezes. Relembrava todos os seus
passos e todos os locais que havia frequentado, remontado o curso daquele dia
de diversas formas e imaginando-se não passando naquela avenida naquele momento
e voltando para casa em paz, comendo amendoins torrados. E quanto mais se lembrava
daquele dia, sentia um aperto no coração um tanto mais profundo.<br />
Trancando em seu quarto (simplesmente não admitia mais a ideia de permanecer em
um cômodo de sua casa com a porta aberta), Bob se olhou no espelho. Viu
refletido um homem com ares de exausto, olheiras pretas abaixo dos olhos
amassados e cabelo sujo desarrumado. Com trinta e cinco anos aparentava ter
cinquenta. Olhou para o lado e vislumbrou sua escrivaninha com um
porta-retratos em cima. Bob estava um
homem completamente diferente daquele que sorria na foto ao lado de sua bela
esposa, com uma criança a tiracolo. <br />
Então Bob começou a lembrar-se de como sua vida havia mudado completamente nos últimos
doze meses, desde o dia do assalto. Havia ficado carrancudo, mal-humorado e
praticamente mudo. Não se interessava mais por nada. A única coisa que ocupava
seus pensamentos era a retomada mental daquele dia infeliz, que o havia
traumatizado de tal forma que ele não só perdeu a carteira e o celular, mas
também o emprego, amigos, e até mesmo esposa e filho. Ninguém mais suportava ficar
perto dele, ou ele não mais suportava ficar perto de alguém.<br />
Abriu a segunda gaveta da escrivaninha e tirou de dentro uma arma. Era um
revolver calibre .38 Special que havia comprado três semanas após o
assalto, obcecado pelo medo de se sentir
vulnerável outra vez nas mãos de um agressor. “É apenas um mecanismo de defesa, Jaque”
justificava ele para sua esposa ao observar que ela quase teve um ataque do
coração ao vê-lo chegando em casa com sua nova aquisição. “Eu não vou atirar em
ninguém, é só para intimidar o filho-da-mãe”. Ele sempre se lembrava desse
momento, uma vez que a compra da arma foi o estopim para sua esposa sair de
casa.<br />
Posicionou o revolver entre a calça e perna. Abotoou a camisa e saiu de casa.
Tinha que sacar um dinheiro no banco. Andou até o ponto de ônibus e esperou o
seu passar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Timóteo havia dormido pessimamente mal aquela noite,
revirando-se e virando-se em cama, quando seu relógio de cabeceira o despertou.
Era o grande dia! <br />
O rapaz de vinte e dois anos, carecido de dinheiro para alimentar seus vícios,
tinha combinado com mais um colega fazer um “arrastão” naquele dia. Roubar dos
transeuntes de um local fechado e em movimento. Nada poderia ser mais ideal do
que um ônibus.<br />
Timóteo estava preocupado. Diria desesperado. Não era de sua índole roubar algo
de alguém, mas sua situação pessoal de dívidas e ameaças de morte o deixavam
mais desesperado ainda. “Não vou machucar ninguém. Só levar deles aquilo que me
faz falta. Tenho certeza de que eles conseguirão comprar seus bens de novo”.
Repetia ele a todo o momento, como forma de se estimular. <br />
Vestiu uma roupa preta, tomou um gole de café com leite o fumou um cigarro. Armou-se
com uma faca (era tudo o que tinha), e saiu batendo a porta atrás de si.<br />
Encontrou com seu colega próximo a uma banca de revista, local marcado por eles
na noite anterior. Combinaram os últimos detalhes e partiram em direção ao ponto de ônibus mais próximo, que ficava na Av. Amaro George.<br />
Enquanto caminhava até o ponto, Timóteo pensava o tempo todo em desistir.
Mordia o lábio inferior tão forte por conta do nervosismo que logo começou a
sentir um azedo gosto de sangue. Precisou fumar outro cigarro para se acalmar,
mas o efeito esperado não aconteceu.<br />
Ao chegarem ao ponto não precisaram esperar nem meio minuto e um ônibus apareceu.
Timóteo olhou para seu comparsa, como que esperando que ele desistisse e os
dois voltassem para casa comendo amendoins torrados, mas ele simplesmente
balançou positivamente a cabeça. Fizeram sinal para o ônibus parar e então
entraram.<br />
Timóteo teria deixado tudo isso de lado e sentado em um banco qualquer, se seu
colega não houvesse tomado a iniciativa de anunciar o assalto para todo o ônibus.<br />
“Ouçam todos, isso aqui é um assalto” ele gritou. “Não precisam ficar nervosos,
apenas quero que me passem tudo o que tiverem com vocês. Inclusive você” ele falou enquanto olhava para o cobrador e
apontava para a caixa de dinheiro, e nesse momento mostrou uma pistola (que os
passageiros não imaginavam, mas era de brinquedo).<br />
Virou-se para Timóteo e falou: "Enquanto eu pego esse daqui (referindo-se ao
cobrador) tu vai e rouba esses que tão sentados aqui na frente".<br />
Ao pular a catraca, Timóteo caiu duro no piso do ônibus.<br />
Alguns passageiros gritaram ao verem que uma poça de sangue aos poucos se
alongava em torno dele.<br />
Ao ver o ocorrido, o comparsa encostou a pistola na testa do motorista e ordenou-o a parar o ônibus.
Desceu correndo.<br />
Acontece que sentado no primeiro banco do ônibus estava ninguém menos
que Bob, que não pensou duas vezes e cravou uma bala no peito do “filho-da-mãe”.
Sua reação foi como um reflexo. Ele simplesmente fez.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Pobre Timóteo, que não pretendia machucar ninguém mas foi morto violentamente e
agora pagaria com a vida o seu erro.<br />
Pobre Bob, que nunca pretendeu machucar alguém mas agiu impetuosamente e agora
pagaria atrás das grades pelo seu erro.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br />
Afinal, o que você faz daquilo que fazem de você?<o:p></o:p></div>
Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-39290285304954253702013-03-22T14:43:00.000-03:002023-03-22T14:44:33.887-03:00killing pain <p>Sharp blades made of steel<br />
Tearing flesh and skin<br />
Let it bleed and then you'll feel<br />
You can't run away from sin<br />
<br />
Hopeless memories fade in time<br />
while you try to keep them safe<br />
The past is nothing but a lie<br />
Fate is death and you can't escape<br />
<br />
Cold tears flows from your eyes<br />
As you try to write a note<br />
it's just the body that dies<br />
While it hang up on a rope<br />
<br />
There's nothing left for you here<br />
Except the pain of another day<br />
That you spend hoping to hear<br />"Come and share with me the weight" <br /><br />Sharp blades made of time<br />
Will erase the killing pain<br />
Memories passing by your eyes<br />
Just before you blow your brains</p>Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-49507776521008719832013-02-18T05:34:00.000-03:002013-02-18T16:32:44.251-03:00InsôniaE de repente você sente aquele sopro chamar no meio da noite. O corpo precisa dormir mas a mente desperta. Instintivamente procura um foco de luz, algo que possa tirar-te da inércia do luar. Ao conferir as horas, descobre que esta ainda não era a hora de acordar. está muito cedo ou muito tarde, e você se sente sozinho. Como se toda a sua vitalidade houvesse partido com os últimos raios do sol. "Só mais duas horas até todos acordarem também", você se consola. Mas sabe que nada seria confortante agora, a não ser o descanso em fim.Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-141663521335434122013-02-17T21:23:00.000-03:002013-02-17T21:24:52.738-03:00Nestas ruas eu procuro o que possa me segurar<br />
à razão,<br />
Na falta de uma esperança só domina<br />
a solidão,<br />
Quando o coração é fraco não sustenta<br />
o sorriso,<br />
Sem amor não há quem encontre<br />
o paraíso<br />
<br />Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-47258015655066886662012-10-07T12:36:00.003-03:002013-05-31T23:39:00.638-03:00reino de loucos<div class="MsoNormal">
Há algum tempo atrás, papai me contou uma longa história.<br />Ele começou dizendo que, em algum lugar bem distante, nos confins do universo, existe uma bola gigante de matéria em resfriamento. Ele me contou que essa bola gigante é inteiramente azul, com algumas porções de massa verde.<br />Essas porções de massa verde são politicamente dividas em territórios.<br />“Mas quem divide essas massas?” eu perguntei.<br />Então ele me respondeu que essa bola gigante é abarrotada de vida. Vida, segundo ele, é um conjunto pluricelular que forma um organismo. O principal órgão desse sistema é o cérebro. Papai disse que o cérebro é responsável por comandar tudo o que acontece dentro desses organismos. E como o número de vidas é muito grande, esse cérebro acaba controlando toda a bola gigante.<br />Tem vida na parte azul e tem vida na parte verde, e quem mora na parte verde fez questão de dividi-la em territórios.<br />“Entenda, aquelas vidas não suportariam viver juntas, filha. Então elas tiveram que dividir o espaço...” ele me disse.<br />Papai me contou também que essas vidas se desenvolveram bastante com o passar do tempo, e que lá, elas arranjam explicação científica para tudo. Elas até começaram a se chamar de... ‘humanos’.<br />Esses humanos, habitantes dessa bola gigante, vivem de forma totalmente animal. Eles são basicamente controlados por instintos como a fome, o sono, o frio e, principalmente, o ódio.<br />“Mas o que é explicação científica, pai?” Eu questionei.<br />Então ele me disse que esses humanos passam muito tempo estudando... Ele disse que eles conhecem toda a estrutura interna da bola, os movimentos que ela realiza em torno do Sol, a força que puxa tudo o que tem na bola e até a pressão do ar em cima da bola.<br />Ele me disse que essa bola é chamada de Planeta Terra. O que, segundo ele, é uma grande injustiça, uma vez que a percentagem de água no Planeta Terra é maior do que a de terra, e que lá, todos os humanos necessitam de água para viver. Até o sangue deles é composto por água!<br />“Sangue?” eu perguntei.<br />Então papai me explicou que sangue é um líquido vermelho presente no organismo, e que esse líquido é fundamental, pois ele carrega todas as substâncias que o corpo pede, de um lado para o outro.<br />Desde sempre, no Planeta Terra, os humanos derramavam o sangue uns dos outros, em disputas chamadas ‘guerras’.<br />Derramava tanto sangue que o organismo morria. E eles faziam isso em nome dos territórios... Pois, como papai já disse, eles não suportariam viver juntos.<br />Os humanos são tão influenciáveis que, como forma de ‘controlar’ essa falta de solidariedade, eles inventaram as leis. Leis são um conjunto de normas que todo humano deve seguir para viver melhor no planeta. Assim que o humano nasce, cai sobre ele uma série de normas e regras impostas pela sociedade, que ele aprende desde o berço. Assim, o humano permanece sempre em posição inercial, pois ele é incluído nesse sistema no momento em que nasce, e ele não pode mais sair. E o sistema é cruel...<br />Os humanos são sujos. Jogam lixo até fora da Terra, poluem até a camada que os mantém vivos, protegendo-os do Sol. Os humanos degradam, matam e desmatam tudo o que um dia foi vivo. Eles sofrem... ah, como eles sofrem. </div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
-Pai, eu não quero ser humano.</div>
Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-12427407255569187452012-10-03T22:08:00.001-03:002012-10-03T22:08:33.384-03:00Ver para quêE qual a serventia da visão, se não mera contextualização?<br />
Pois o sábio sabe que pode sentir as estrelas sem vê-las.<br />O músico enxerga a melodia sem observa-la.<br />E o amante...<br />O amante experimenta todos os gostos e sentidos da paixão, com o simples perfume da amada.<br /><br />Oh, quando os olhos se fecham o mundo se abre...<br />Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-75346090946976389692012-10-03T21:59:00.003-03:002012-10-03T22:00:27.376-03:00Fim<div class="MsoNormal">
E quando você me estendeu a mão,<br />
Meu coração se encantou em comoção.</div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Tola fui eu que não percebi<br />
Que aquele teu gesto, era o gesto de partir.</div>
Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-9711653665371726672012-07-08T22:55:00.000-03:002012-07-08T23:10:09.353-03:00A Vida é um Labirinto<br />
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 18px;">Ao passar pela porta, notou que a mesma se fechou atrás dele com um baque surdo. Respondendo a um ligeiro instinto de remorso que surgiu em seu estômago, tentou abri-la, mas tarde demais, ao que parecia, a porta estava trancada.<br />Virou-se e começou a caminhar o corredor que se estendia longo e ameaçador à sua frente. Dobrou a esquerda, caminhou um pouco mais, virou à direita e deparou com uma bifurcação. Seguir reto ou virar à esquerda?<br />Decidiu seguir reto e após alguns minutos topou com uma escada que subia tão alto ao ponto que seus olhos não enxergavam o topo dela. Sem hesitar ele subiu, subiu cada degrau torcendo para que todos os caminhos que ele tivesse escolhido até ali o guiassem até seu destino certo. Mas ao chegar ao topo da escada percebeu que nada havia ali. Só havia uma parede à sua frente, que na verdade era o teto. Sem alçapões, túneis ou qualquer tipo de passagem.<br />Virou-se e desceu a escada, caminhou mais alguns minutos e topou novamente com aquela bifurcação. Dessa vez, escolheu o outro caminho, e seguiu nele. Sua excitação aumentando a cada passo. –Será que agora finalmente encontrei a saída final? – andou mais umas horas, e topou com uma parede, nada mais.<br />A decepção brotava de cada poro de seu corpo, agora todo suado, e sua cabeça doía toda vez que ele soprava o ar de cansaço.<br />Retornando, concluiu que errara todo o seu caminho, e estava disposto a traçá-lo novamente, desde o princípio, mas na direção oposta agora, quando se deu conta de que ele já não sabia o que era esquerda e direita, o que era oposto e definido, o que era frente e muito menos o que era trás.<br />Aquele labirinto era demasiadamente azul e seus sentidos o traíam toda vez que ele mudava de direção. Os ponteiros de seu relógio giravam no sentido anti-horário agora, e ele não mais sentia o tempo passar.<br />Levantou-se com grande esforço e começou a correr. Não sabia do que estava correndo, por que estava correndo e sabia muito menos para onde estava correndo.<br />Até que observou uma estranha figura no fim do corredor. Tinha certeza que já tinha passado por ali antes e a figura não estava lá. Aproximou-se o bastante para ver um velho sentado numa cadeira de balanço, jogando seu corpo magro para frente e para trás, enquanto ria da cara do moço cansado e confuso.<br />-Por que está rindo de mim? – O rapaz perguntou.<br />-Michael, Michael... Você não precisava ter corrido, nem se desesperado. – Respondeu o velho com ar de sábio – Mas ainda bem que me encontrou.<br />-Como sabe meu nome?! O senhor me conhece?! Foi você que me pôs aqui? – Ele gritou, estava ficando de fato apreensivo.<br />-Michael, eu sei de tudo. – Respondeu o velho, cada vez mais tranqüilo e confortável em sua cadeira.<br />-Sabe de tudo, é?! – Rosnou Michael – Então me conta o que vai acontecer comigo agora!<br />Ajeitando seu manto calmamente, o velho nem levantou a cabeça para responder: -Você vai morrer, é claro – E sorriu.<br />-Velho maldito! – Gritou Michael – Como ousas me mandar para esse lugar, me deixar sozinho e perdido e depois... tirar minha vida?!<br />-A culpa não é minha de você ter vindo ao mundo, Michael. Os humanos adoram me culpar por sua existência vazia. – O velho desabafou – E, a propósito, eu não vou tirar a sua vida, meu querido. Será que você ainda não percebeu que é assim? Vocês têm diversas opções e direções a seguir, e cada uma delas muda completamente todos as situações que o envolvem. A única coisa que eu faço é disponibilizar caminhos diferentes para que vocês mesmos possam traçar aquilo que acham mais conveniente.</span><br />
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">-Então por acaso isso é algum tipo de jogo perverso no qual você fica observando tudo que acontece para se divertir da miséria alheia? - Concluiu Michael, chutando uma lata de tinta vazia jogada ao seu lado. Ao chutar a lata se lembrou que ela não estava ali momentos antes.</span></span><br />
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Novamente o velho sorriu.</span></span><br />
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">-Você está se equivocando, Michael. Como fez a vida inteira, em todos os caminhos que você tomou. Eles o trouxeram a esse ponto. Fico feliz que tenha me enxergado aqui. Já não há mais tempo de errar. Vamos começar de novo?</span></span><br />
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">E então Michael se foi.</span></span>Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-82212580646403392312012-07-08T22:32:00.000-03:002012-10-07T12:30:52.433-03:00Último Adeus<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia, serif;">
Ele partiu em seu carro prateado<br />
Deixando o coração da moça desamparado<br />
Observando pelo vidro da janela a chuva que caía,<br />
Ela amaldiçoava sua vontade de tê-lo, e sua covardia.</div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia, serif;">
Ele foi embora<br />
O que faria com seu amor agora?<br />
Haveria de ser transformado em saudade<br />
Todo o seu afeto, sua amizade.<br />
Oh, quanta crueldade.</div>
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 11pt; line-height: 115%;"><br /></span>Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-70384905941169553362012-05-31T23:06:00.000-03:002019-06-13T09:27:19.732-03:00Noite Fria ConsciênciaO clarão de um relâmpago iluminou a sala de estar, despertando Lisa de seus pensamentos.<br />
Olhou em volta e percebeu que o filme que estava assistindo havia terminado, e a tela não mostrava nada além de alguns pequenos nomes escritos em branco num fundo preto.<br />
Um trovão.<br />
Calçou suas pantufas, desligou a TV e subiu para o seu quarto. Estremeceu com o frio ao encontrar o aposento com a janela aberta, e foi rapidamente fecha-la. Parou em frente o vidro e observou por alguns minutos. Então deu meia volta, deitou-se na cama, pegou seu caderninho de cabeceira e escreveu:<br />
<br />
<i>Está chovendo lá fora enquanto eu estou aqui no meu quarto encostada na minha cama quente, e toda vez que eu olho pela janela, inevitavelmente me pergunto onde estarão agora todas as pessoas que durante o dia fazem das ruas seus lares.<br />Elas não têm um teto ao qual podem chamar de seu, nem uma parede para barrar a corrente de vento. Pois suas paredes são o próprio vento, e em vento não se pode pendurar um quadro.<br />As nuvens carregadas são o seu teto, e este não dá para ornamentar. <br />Esses pingos de chuva agora invadem seus becos, molham seu chão e banham seus cobertores.<br />Elas estão lá fora nesse exato momento. E eu estou aqui me achando pequena demais, insignificante demais e, pior, rica demais para tentar mudar isso tudo...</i><br />
<i>Então você pensa: deixa molhar, deixe estar.</i><br />
<i><br /></i>Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-49098004498878793402012-05-28T20:55:00.002-03:002012-05-28T20:55:32.981-03:00<i><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">... Acima de tudo, amo seu olhar calmo, que reflete o silêncio e a paz de um oceano. Pois ao mesmo tempo que soa infinito, revela a perfeição e harmonia em seu íntimo...</span></i>Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4288533580537144732.post-49129317596319882312012-05-12T12:05:00.002-03:002012-05-12T12:05:40.442-03:00Memórias Mortas<br />
<div class="MsoNormal">
Caminhando lentamente pelo bosque, Marie avistou um banco. Um
belo banco de pedra cinza entre as árvores. Pôde ouvir o canto dos pássaros e o
som das folhas sendo pisadas enquanto aproximava-se para sentar. Ela estava apenas
esperando o tempo passar, pois não havia muito o que fazer para uma mulher com
sua idade, além de passar o tempo da forma mais calma e agradável possível. <br />
Decidiu reparar no movimento em volta. <br />
Um pai agachado ao lado de sua pequena filha, sorrindo para ela um sorriso
terno, enquanto segurava suas mãozinhas e ajudava-a a andar. A menina ria despreocupadamente
exercitando seus primeiros passos.<br />
Um pouco mais ao lado, encostados em uma árvore, um casal de jovens parecia
discutir. A menina levava as mãos à cabeça, ajeitando freneticamente os cabelos
em sinal de nervosismo, enquanto seu rosto esboçava pura aflição. O menino
tentava acalmá-la, mas a cada palavra o desespero da garota parecia maior. Um rio
de lágrimas. Ele estava partindo.<br />
Três mulheres sentadas na grama degustando saborosos pedaços de tortas, intercalando
conversas e mastigação. Descalças, os sapatos jaziam ao lado da toalha na qual
se encontravam sentadas.<br />
Um senhor e uma mulher discutindo. Pela idade e pelo tom, ele parecia seu pai.
Reprovava veementemente alguma ação tomada pela filha, que por se sentir adulta
o bastante apenas negava com a cabeça enquanto retrucava, “não é bem assim...”.</div>
<div class="MsoNormal">
Uma rajada de vento soprou e Marie abriu os olhos. Estava
sozinha naquele bosque vazio. Há anos aquele lindo lugar havia se tornado o
cemitério da pequena cidade na qual sempre morou. Cemitério aquele que agora
guardava não só as mais belas árvores que já havia visto, como também as mais
nobres lembranças de tudo que já havia vivido. Seu pai, seu primeiro amor e
suas melhores amigas. Tudo que mais havia amado estava sepultado entre as covas,
mas vivo e ardente em seu coração.<br />
Levantou-se, deu mais alguns passos e largou o lindo buquê de flores que estava
segurando em um dos túmulos.<br />
Deu as costas e voltou a caminhar. </div>Renata Marim Hahonhttp://www.blogger.com/profile/10134342130886551348noreply@blogger.com4